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domingo, 4 de setembro de 2011

Horas

II - Abismo em noite do dia primeiro de inverno


Bate o sino sob a luz da noite.
Tornasse o tempo, tácito, à trás
Da sombra-tez do remorso. Foi-te
A chance prima: não voltarás.  


Se tudo aos ventos, não mais importa
Quão errôneo foi teu julgamento.
E, se tornado vem do teu vento,
Que te admira o teu pranto à morta?


À tua culpa, não dela cansas?
Juízo mau não é teu ofício?
Eis que o passado só são lembranças.
E o equinócio já é solstício.


À tua pena? Não temas nada!
Eis que o relógio não para mais.
Os ponteiros não volvem à trás
Do tempo à morta despedaçada.

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I - Queda em manhã do dia último de outono


Martelos clamam ao inefável
Prelúdio, este ao silenciar
Da Consciência. Quem julgará 
A selva em furor incontrolável?


Não mais o tempo me prende ao plano,
Até onde reina a escolha certa?
Se as tripas rasgo, de boca aberta,
Sou eu o monstro - não ser humano.


Possuo a ti, enfim. Reduzi-la 
A Carne pútrida destruída, à
Tortura abissal que à Besta instiga.
Rende-te à garra que te mutila.


Agora és verme, ou, em desacato, o
Bolor grotesco de um poço em sangue do
Que a mim impera: o demônio lânguido
Que, em sussurros, selou-me o ato.

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Apple, 04/09/2011

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