Por muitas vezes sinto-me assim, incapaz de escrever. As palavras somem e a criatividade se esgota. Acho que não há pavor maior para um escritor.
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Post-scriptum (2015)
Quod
scripsi, scripsi. - João, 19,22
(Palavras de Pilatos)
Mas agora,
que os tempos outros, não mais chove na plantação
Toda a
veia do solo tenro não mais sangra, nem
dá vazão
Ao
marasmo. E as raízes? Já são cinzas em solo escasso
Não há
fruto, não há fartura e não há cesto para o bagaço
Por
instância, qual pesadelo! Não há pista de como faço
Toda a
prole da macieira foi-se, enxuta, no caos devasso
Tempestade
- que fosse pouca! - renascesse da colisão,
Terra
infértil morrer não ia - nem chorar os que não virão
Mas que
tempos! Que sortilégio sobrepôs minha plantação!
Que o chão
fútil e a tez amarga desfaleçam de sede, então
Perecíveis
são as ideias, mais no âmbito deste espaço
Que jaz
seco em atroz areia - não de todo! (só um pedaço)
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